Feirinha da Pavuna



No entorno da feira livre há muitas favelas, de onde vêm muitos de seus frequentadores, dentre elas os Complexos da Pedreira, do Chapadão, de Barros Filho e o de Acari. A Pavuna ocupa um lugar de destaque no imaginário carioca, em parte construído pela história oral da cultura popular negra, como no funk Endereço dos Bailes, mas também pela narrativa midiática da pobreza e da violência. É um bairro culturalmente e numericamente negro: 62,07% da Pavuna é negra, seja no asfalto (57,07%) ou na favela (68,71%), de acordo com dados levantados a partir do censo de 2010 por pesquisadores da UFRJ:

apesar da narrativa midiática do medo, a tradicional Feirinha da Pavuna continua sendo uma imagem clássica do subúrbio carioca. Lá se vende de tudo um pouco. A diversidade é característica central das 298 barracas do mercado. Elas funcionam praticamente todos os dias da semana, entre oito horas da manhã e oito horas da noite. Segundo o feirante Fabio de Souza, “este horário de funcionamento é um pouco mais expandido em relação a outras feiras da cidade graças ao direito de assentamento concedido à localidade pela prefeitura”.

É difícil encontrar algum suburbano que nunca tenha ouvido falar desse mercado popular, por conta de sua importância cultural e histórica. Entre um trago na bebida, um jogo, um encontro, uma barraca e uma venda, é possível ver e ouvir o que a Pavuna tem. O comércio de rua local tem, aproximadamente, 50 anos de existência e se estende até a calçada da cidade vizinha de São João de Meriti. O limite entre o município da Baixada Fluminense e o bairro carioca é o rio que deu origem ao nome do bairro: o Rio Pavuna.

Pavuna tem sua origem na língua Tupi e significa “lugar de trevas” ou “lagoa escura”, que não define o imaginário popular sobre o bairro. Marca maior é uma composição de Jovelina Pérola Negra, o samba Feirinha da Pavuna (Confusão de Legumes), composto após Jovelina ter presenciado uma briga na feira, enquanto passava pela localidade na década de 1980.



A Feirinha da Pavuna foi declarada patrimônio cultural imaterial da cidade em 2014, através da Lei N º 5.787/2014. Orgulho de muitos trabalhadores locais, que diariamente sustentam suas famílias a partir de suas vendas, a feira só teve esse reconhecimento histórico após uma forte campanha nas redes sociais mobilizada a partir da Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, aparelho cultural popular e público mantido pela Prefeitura do Rio de Janeiro, na Pavuna. Tomba-se a luta de trabalhadores e moradores da Pavuna.

Fontes: https://rioonwatch.org.br/?p=54316